O setor de ar-condicionado tem experimentado um crescimento consistente nos últimos anos, impulsionado por ondas de calor sem precedentes, avanços tecnológicos e maior consciência sobre conforto térmico e qualidade do ar interior.
Este artigo apresenta uma análise abrangente das tendências e projeções para o mercado de ar-condicionado entre 2026 e 2030, examinando os fatores que moldarão o setor nos próximos anos, com foco especial no mercado brasileiro e nas tendências globais que influenciarão o desenvolvimento, produção e comercialização destes equipamentos.
Panorama Atual e Projeções de Crescimento
O mercado de ar-condicionado no Brasil e no mundo vem apresentando números impressionantes, estabelecendo uma base sólida para as projeções futuras.
Em 2024, o setor de ar-condicionado no Brasil atingiu um faturamento superior a R$ 41 bilhões, com a venda estimada de 5 milhões de aparelhos residenciais e comerciais leves.
Para 2025, mesmo em um cenário de incertezas econômicas, especialistas do setor preveem um crescimento mínimo de 8%, demonstrando a resiliência do mercado. Este crescimento contínuo estabelece uma trajetória ascendente que provavelmente se estenderá até 2030, com o mercado global de AVAC-R (Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração) projetado para alcançar US$ 198 bilhões já em 2026, crescendo a uma taxa anual de 4,4%.
A produção de aparelhos de ar-condicionado do tipo split se aproximou de 6 milhões de unidades em 2024, representando um crescimento superior a 50% em relação a 2023. Esta expansão significativa reflete não apenas a crescente demanda por conforto térmico, mas também uma mudança na percepção do consumidor sobre a necessidade destes equipamentos, especialmente em face das ondas de calor cada vez mais intensas e frequentes.
Fatores Impulsionadores do Crescimento até 2030
O crescimento projetado para o período 2026-2030 será sustentado por diversos fatores interconectados.
Em primeiro lugar, as alterações climáticas continuarão a provocar ondas de calor mais frequentes e intensas, aumentando a necessidade de soluções de climatização eficientes.
Além disso, o reconhecimento crescente de que os sistemas de ar-condicionado modernos contribuem para a melhoria da qualidade do ar interior, filtrando poluentes e alérgenos, tem ampliado a percepção de valor destes equipamentos. “A população se deu conta de que o ar-condicionado é parte da solução, e não do problema, devido às suas propriedades de filtrar e renovar o ar, o que aumentou o reconhecimento e respeito ao segmento”.
O aumento do poder aquisitivo dos brasileiros, juntamente com a queda nos preços dos aparelhos e o acesso facilitado ao crédito, também tem permitido que mais famílias adquiram sistemas de ar-condicionado. “Hoje um ar-condicionado chega a custar menos do que um celular, que dura apenas de 2 a 4 anos”, exemplificando como estes equipamentos se tornaram mais acessíveis.
Transformações Tecnológicas e Tendências de Sustentabilidade
A Revolução da Eficiência Energética
A eficiência energética será um dos principais impulsionadores de inovação no setor de ar-condicionado entre 2026 e 2030.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a eficiência média das unidades de ar-condicionado precisará aumentar pelo menos 50% até 2030 para que o setor global de energia atinja a neutralidade em carbono até 2050.
Os aparelhos com classificação “A” no Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal (IDRS), certificados pelo INMETRO, já são preferência dos consumidores devido à economia de energia e à redução de custos operacionais. Esta tendência deverá intensificar-se, com os fabricantes investindo cada vez mais em tecnologias que maximizem a eficiência energética sem comprometer o desempenho.
A tecnologia Inverter, que permite um desempenho mais estável ajustando automaticamente a velocidade do compressor para minimizar o consumo energético, continuará a ganhar participação de mercado. Como explicado por especialistas do setor: “Essa tecnologia é ideal para o clima brasileiro, garantindo conforto térmico com menor impacto no bolso do consumidor”.
Refrigerantes Ecologicamente Responsáveis
A transição para refrigerantes com menor impacto ambiental é outra tendência crucial que molderá o mercado até 2030. O R-32 e outros refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (GWP) estão substituindo gradualmente os hidrofluorocarbonetos (HFCs) tradicionais, em conformidade com acordos internacionais como o Protocolo de Montreal e a Emenda de Kigali.
Esta mudança não apenas reduz o impacto ambiental direto dos sistemas de ar-condicionado, mas também melhora sua eficiência energética, alinhando-se com a crescente demanda por produtos sustentáveis. A adoção destes refrigerantes mais ecológicos deverá acelerar significativamente entre 2026 e 2030, impulsionada por regulamentações mais rígidas e pela preferência do consumidor por soluções ambientalmente responsáveis.
Desafios e Oportunidades para o Setor
Superando Obstáculos Estruturais
Apesar das projeções otimistas, o setor de ar-condicionado enfrentará diversos desafios entre 2026 e 2030.
A escassez de mão de obra qualificada já representa um gargalo significativo: “Chega nas épocas de pico de calor e você tem o produto, tem o aparelho vendido, mas não tem o profissional para instalar”.
Fatores macroeconômicos como a alta dos juros e restrições de crédito também podem impactar o crescimento do setor.
Em períodos de instabilidade econômica, os consumidores tendem a adiar a compra de bens duráveis como sistemas de ar-condicionado.
A infraestrutura elétrica também representa um desafio significativo, especialmente em áreas urbanas mais antigas.
O aumento substancial no uso de ar-condicionado exerce pressão sobre as redes elétricas, potencialmente levando a quedas de energia durante períodos de pico.
Oportunidades Emergentes e Novos Mercados
O período de 2026 a 2030 apresentará diversas oportunidades para empresas inovadoras no setor de ar-condicionado.
A integração de sistemas de climatização com tecnologias de automação residencial e predial criará novas possibilidades de valor agregado.
O mercado de retrofit e substituição de equipamentos antigos por modelos mais eficientes também oferecerá oportunidades significativas. Com a crescente conscientização sobre os custos operacionais e o impacto ambiental, muitos consumidores optarão por substituir sistemas mais antigos antes do fim de sua vida útil, buscando economias de energia e melhor desempenho.
O segmento comercial e industrial também apresentará oportunidades substanciais, especialmente com a adoção crescente de sistemas de climatização centralizada em edificações comerciais. Soluções personalizadas para diferentes setores, como saúde, hospitalidade e data centers, deverão experimentar crescimento acima da média do mercado.
Impactos Ambientais e Regulatórios
O Papel das Políticas Públicas
As políticas públicas e regulamentações terão um papel crucial na moldagem do mercado de ar-condicionado entre 2026 e 2030. A implementação de padrões mínimos de eficiência energética (MEPS) mais rigorosos eliminará gradualmente equipamentos menos eficientes do mercado, impulsionando a inovação e a adoção de tecnologias avançadas.
As emissões indiretas de CO2 associadas ao uso de ar-condicionado mais do que dobraram para quase uma gigatonelada entre 1990 e 2021. Para alinhar-se com metas de neutralidade de carbono, essas emissões precisarão cair para cerca de um terço dos níveis de 2021 até 2030, exigindo uma diminuição na intensidade de emissões seis vezes mais rápida do que na última década.
Subsídios e incentivos fiscais para equipamentos de alta eficiência também influenciarão o mercado, tornando tecnologias avançadas mais acessíveis para um espectro mais amplo de consumidores. Programas de etiquetagem e certificação continuarão a orientar as escolhas do consumidor, favorecendo produtos com melhor desempenho ambiental.
Descarbonização e Integração com Energias Renováveis
A integração de sistemas de ar-condicionado com fontes de energia renovável, como painéis solares fotovoltaicos, representará uma tendência significativa até 2030. Esta sinergia permitirá que os sistemas operem durante períodos de pico de demanda com menor impacto na rede elétrica e reduzidas emissões de carbono.
A descarbonização do setor elétrico, com a crescente participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira, também contribuirá para reduzir a pegada de carbono associada ao uso de ar-condicionado, mesmo sem mudanças nos próprios equipamentos. No entanto, a combinação de eletricidade mais limpa com aparelhos mais eficientes multiplicará os benefícios ambientais.
Tendências de Mercado e Comportamento do Consumidor
Personalização e Conectividade
Entre 2026 e 2030, espera-se uma crescente personalização dos sistemas de ar-condicionado, adaptando-se às necessidades específicas de diferentes ambientes e preferências dos usuários. A integração com sistemas de Internet das Coisas (IoT) permitirá o controle remoto e o monitoramento em tempo real, otimizando o desempenho e a eficiência.
Equipamentos que “aprendem” os hábitos do usuário e se ajustam automaticamente estão chegando ao mercado brasileiro, oferecendo não apenas maior conforto, mas também economias significativas de energia. Esta tendência de equipamentos “inteligentes” deverá intensificar-se, com algoritmos cada vez mais sofisticados de aprendizado de máquina e inteligência artificial.
Mudanças na Distribuição e Comercialização
O comércio eletrônico continuará a ganhar participação na venda de sistemas de ar-condicionado, com empresas investindo em presença online e estratégias de marketing digital. As experiências da Frigelar, que alcançou a primeira posição para a palavra-chave “ar-condicionado” no Google, exemplificam a importância crescente do marketing digital para empresas do setor.
A competição online intensificará a necessidade de diferenciação, com empresas investindo em conteúdo educativo e ferramentas interativas para auxiliar os consumidores na seleção do equipamento mais adequado às suas necessidades. Informações sobre eficiência energética, custo total de propriedade e impacto ambiental tornar-se-ão cada vez mais importantes na decisão de compra.
Conclusão
O mercado de ar-condicionado entre 2026 e 2030 será caracterizado por um crescimento sustentado, impulsionado por fatores climáticos, tecnológicos e socioeconômicos. Com projeções indicando que o mercado global alcançará US$ 198 bilhões já em 2026, as empresas que se adaptarem às tendências emergentes de eficiência energética, sustentabilidade e conectividade estarão bem posicionadas para capturar valor neste cenário em evolução.
A necessidade de aumentar a eficiência média dos aparelhos em pelo menos 50% até 2030 criará oportunidades para inovação e diferenciação. Simultaneamente, desafios como a escassez de mão de obra qualificada e a necessidade de infraestrutura elétrica adequada exigirão soluções criativas e colaborativas entre os diversos stakeholders do setor.
O mercado brasileiro, em particular, continuará a apresentar oportunidades significativas, impulsionado pelo clima tropical, urbanização crescente e aumento do poder aquisitivo. As empresas que conseguirem equilibrar desempenho, eficiência energética, sustentabilidade ambiental e acessibilidade estarão melhor posicionadas para liderar o mercado na segunda metade desta década, contribuindo para um futuro mais confortável e ao mesmo tempo mais sustentável.

Olá, sou Marcos Alves, um especialista em ar condicionado com mais de 10 anos de experiência no mercado. Ao longo da minha carreira, tive a oportunidade de trabalhar em diversos projetos de refrigeração e climatização, tanto em ambientes residenciais quanto comerciais.
Combinando minha experiência técnica e minha paixão pela escrita, criei este blog para ajudar pessoas a entenderem melhor o universo dos sistemas de ar condicionado. Aqui, você encontrará informações acessíveis sobre instalação, manutenção, escolha do aparelho ideal e muito mais.
Meu objetivo é fornecer informações confiáveis e baseadas em sólidos princípios teóricos, além de compartilhar dicas práticas que podem ser utilizadas no dia a dia.
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