Nova Etiquetagem para Condicionadores de Ar: Mudanças no Consumo

Sala moderna com sofá bege e Ar Condicionado Inverter instalado

O Brasil passou por uma transformação significativa na forma como mede e classifica a eficiência energética dos aparelhos condicionadores de ar.

A partir de janeiro de 2023, entrou em vigor uma nova metodologia de etiquetagem que revoluciona a maneira como os consumidores avaliam o consumo energético desses equipamentos.

A nova regulamentação, estabelecida pela Portaria Inmetro nº 234 de 2020, introduziu o Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal (IDRS) como principal métrica para avaliar a eficiência energética dos condicionadores de ar. Esta transformação não apenas moderniza os critérios de avaliação, mas também alinha o Brasil às melhores práticas internacionais do setor.

O Que Mudou na Nova Etiquetagem

Ampliação das Classes de Eficiência

Uma das mudanças mais visíveis na nova etiqueta é a expansão das classes de eficiência energética.

Enquanto a etiqueta anterior contemplava apenas as classes de A a D, a nova etiqueta possui seis categorias que vão de A a F, sendo a classe A a mais eficiente e a F a menos eficiente.

Novo Método de Cálculo: IDRS

O coração da mudança está na adoção do Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal (IDRS).

Esta nova métrica considera as variações de temperatura que ocorrem ao longo dos dias e do ano, proporcionando uma avaliação muito mais realista do consumo energético.

A metodologia anterior baseava-se apenas no teste em plena carga, mas agora múltiplos pontos de teste são utilizados para capturar o desempenho sazonal do equipamento. Isso significa que a nova etiqueta considera não apenas o funcionamento do aparelho em carga máxima, mas também em condições de cargas parciais, que são as mais próximas da realidade de uso.

Mudança no Período de Avaliação

Outra transformação fundamental foi a alteração no período considerado para o cálculo do consumo. A metodologia anterior considerava que o condicionador funcionava apenas 30 horas por mês, enquanto a nova etiqueta utiliza 2.080 horas de uso por ano, resultando em uma avaliação muito mais realística do consumo energético.

Informações Adicionais na Etiqueta

A nova etiqueta incorpora informações importantes que não estavam presentes anteriormente:

  • Tipo de fluido refrigerante: Indica se o aparelho utiliza fluidos mais ou menos poluentes, como R-410A ou R-32
  • Consumo de energia anual: Expresso em kWh/ano, facilitando a comparação entre modelos
  • QR Code: Direciona o consumidor para a base oficial de produtos registrados no Inmetro, permitindo verificar a autenticidade do produto

Impacto da Tecnologia Inverter

Diferenciação Tecnológica

A nova etiquetagem foi especialmente desenvolvida para melhor avaliar a eficiência dos aparelhos com tecnologia inverter. Esta tecnologia permite que o compressor opere com velocidade variável, ajustando-se continuamente às necessidades de refrigeração do ambiente.

Os aparelhos inverter apresentam vantagens significativas em relação aos modelos convencionais (on/off). Enquanto os equipamentos tradicionais ligam e desligam o compressor ciclicamente, os modelos inverter mantêm operação contínua com velocidade variável, evitando os picos de consumo associados ao religamento.

Economia de Energia

As marcas divulgam que a economia com um ar-condicionado inverter pode ultrapassar 40% na comparação com um aparelho convencional novo, chegando até 70% em relação a equipamentos mais antigos. Em determinados casos, estudos de fabricantes demonstram que a economia pode atingir até 60% de energia.

Novos Critérios de Classificação

Requisitos Mais Rigorosos

A nova regulamentação estabeleceu critérios mais rigorosos para a classificação dos aparelhos.

Para receber a classificação “A”, um aparelho deve apresentar IDRS mínimo de 5,5, um aumento considerável em relação ao índice anterior de 3,23.

Cronograma de Implementação

A implementação da nova etiquetagem seguiu um cronograma gradual.

Os fabricantes tiveram até dezembro de 2022 para se adequar aos novos critérios, mas já foi possível utilizar a nova etiqueta desde a publicação da portaria.

Os fornecedores puderam fabricar ou importar produtos com base no índice antigo (CEE) até 31 de dezembro de 2022, enquanto o varejo teve prazo até 30 de junho de 2024 para comercializar esses produtos.

Benefícios para Consumidores e Mercado

Transparência na Escolha

A nova etiquetagem proporciona maior transparência aos consumidores na hora da compra. O formato aprimorado permite que os consumidores tomem decisões mais fundamentadas, diferenciando produtos de alta eficiência energética daqueles de média e baixa eficiência.

Economia Financeira Projetada

Um estudo da Universidade Federal do ABC concluiu que os novos parâmetros representarão uma economia nas contas de luz de R$ 12 bilhões até 2040, o suficiente para abastecer quase 2 milhões de residências por ano. A expectativa é que ao final do período de adaptação, em 2028, a eficiência dos ar-condicionados disponíveis no mercado aumente, em média, 40%.

Facilidade de Verificação

O QR Code presente na nova etiqueta direciona o consumidor para a base oficial de produtos registrados no Inmetro, permitindo verificar a autenticidade do produto e evitando fraudes. Esta funcionalidade aumenta a confiabilidade das informações apresentadas aos consumidores.

Impacto Ambiental

Fluidos Refrigerantes Mais Sustentáveis

A nova etiqueta passou a informar o tipo de fluido refrigerante utilizado no aparelho.

Esta informação é relevante do ponto de vista ambiental, pois diferentes fluidos apresentam distintos potenciais de aquecimento global.

Redução das Emissões

Aparelhos mais eficientes contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Como consomem menos energia, diminuem a demanda por geração de eletricidade, que em muitos casos é produzida a partir de fontes poluentes.

Desafios e Adaptações do Setor

Transformação da Indústria

A nova regulamentação promove uma competitividade mais justa no mercado. Os fabricantes são incentivados a produzir condicionadores de ar mais eficientes e com altos níveis de IDRS, beneficiando o mercado nacional a médio e longo prazo.

Eliminação de Tecnologias Obsoletas

Na prática, as novas regras fazem com que sejam produzidos e importados apenas ares-condicionados do tipo split com rotação variável. Isso representa o fim gradual dos aparelhos convencionais on/off, que apresentam menor eficiência energética.

Orientações para Consumidores

Critérios de Escolha

O Inmetro recomenda que os consumidores priorizem aparelhos com classificação “A” na nova etiqueta. Embora o investimento inicial possa ser maior, estes modelos geram economia significativa ao longo do tempo devido ao menor consumo de energia.

Uso Eficiente

Para maximizar a economia, o Inmetro recomenda ajustar o termostato para 23°C, uma faixa que equilibra conforto térmico e eficiência energética. A limpeza regular dos filtros também contribui para manter a eficiência do aparelho.

Crescimento do Mercado

Expansão da Demanda

O mercado brasileiro de condicionadores de ar apresentou crescimento significativo, com a produção batendo recordes em 2024.

De janeiro a julho de 2024, houve crescimento de 83% na produção em relação ao mesmo período de 2023.

Perspectivas Futuras

A previsão é de que o Brasil encerre 2024 com 6 milhões de aparelhos fabricados. Este crescimento é impulsionado tanto pelas ondas de calor quanto pela maior conscientização dos consumidores sobre eficiência energética.

Conclusão

A nova etiquetagem para condicionadores de ar representa um avanço significativo na regulamentação brasileira, promovendo maior transparência, eficiência energética e sustentabilidade no setor. A adoção do IDRS como métrica principal, a ampliação das classes de eficiência e a inclusão de informações ambientais tornam a escolha dos consumidores mais informada e responsável.

Esta transformação beneficia não apenas os consumidores, através da redução nas contas de energia elétrica, mas também o meio ambiente, pela promoção de tecnologias mais eficientes e sustentáveis. O setor industrial, por sua vez, é incentivado a investir em inovação e desenvolvimento de produtos mais eficientes, criando um ciclo virtuoso de melhoria contínua.

A implementação bem-sucedida desta nova regulamentação posiciona o Brasil como referência na regulamentação de eficiência energética para aparelhos de climatização, contribuindo para os objetivos nacionais de eficiência energética e sustentabilidade ambiental.