Esta temperatura específica não é apenas uma recomendação arbitrária, mas sim o resultado de décadas de pesquisas científicas e normatizações técnicas que demonstram seus benefícios tanto para o bem-estar individual quanto para a sustentabilidade ambiental.
As evidências científicas apontam que manter sistemas de ar-condicionado nesta temperatura otimiza o desempenho cognitivo, reduz riscos à saúde, maximiza a produtividade no trabalho e minimiza o consumo energético.
Fundamentos Científicos do Conforto Térmico
A determinação da temperatura ideal para ambientes climatizados baseia-se em princípios fisiológicos complexos que envolvem a regulação térmica do corpo humano.
O conforto térmico é definido como o estado mental que expressa satisfação com o ambiente térmico, sendo influenciado por fatores como temperatura do ar, umidade relativa, velocidade do ar e atividade metabólica.
Pesquisas realizadas pela Universidade de Tecnologia de Helsínquia e pelo Laboratório Nacional Lawrence Berkeley demonstram que a produtividade dos funcionários atinge seu pico quando a temperatura ambiente se mantém entre 21-22°C, com cada aumento de 1°C provocando um declínio da produtividade em dois pontos percentuais.
Esta descoberta científica fundamenta a importância de manter temperaturas próximas aos 23°C, pois valores acima desta faixa começam a impactar negativamente o desempenho cognitivo.
A termorregulação humana opera através de mecanismos como vasodilatação, vasoconstrição e sudorese, todos ativados quando a temperatura ambiente se afasta da zona de conforto térmico.
Quando a temperatura está em 23°C, estes mecanismos permanecem em estado de equilíbrio, permitindo que o corpo direcione sua energia para funções cognitivas e produtivas ao invés de processos de regulação térmica.
Regulamentações e Normas Técnicas Nacionais e Internacionais
O estabelecimento de 23°C como temperatura ideal encontra respaldo sólido em diversas normas técnicas e regulamentações nacionais e internacionais.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recomenda especificamente que aparelhos de ar-condicionado sejam ajustados para 23°C no verão, no modo “Cool” (resfriar), considerando esta temperatura como mais saudável para interiores e capaz de garantir um ambiente adequadamente climatizado.
A Norma Regulamentadora NR-17, conhecida como “norma da ergonomia no trabalho”, estabelece que a temperatura ideal para locais onde se realizam atividades intelectuais, como escritórios e laboratórios, deve estar entre 20 e 23°C, mantendo a umidade relativa abaixo de 40%.
Esta norma define diretrizes para a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos colaboradores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho.
No âmbito internacional, a norma ISO 9241 sugere uma faixa de temperatura de 20 a 24°C no verão e de 23 a 26°C no inverno, com umidade entre 40% e 80%.
Esta norma internacional para ambientes de trabalho coloca 23°C como um ponto central em ambas as estações, reforçando sua universalidade como temperatura de conforto.
A convergência entre normas nacionais e internacionais em torno de 23°C não é coincidência, mas resultado de extensa pesquisa científica e validação empírica.
A norma americana ASHRAE 55, considerada referência mundial para condições térmicas ambientais de ocupação humana, e a norma europeia EN 15251, que aborda conforto térmico, qualidade do ar, iluminação e acústica, também convergem para valores próximos a 23°C.
Impactos na Saúde Física e Mental
A temperatura ambiente exerce influência direta e significativa sobre diversos aspectos da saúde física e mental humana.
Quando a temperatura se afasta significativamente de 23°C, o organismo precisa ativar mecanismos compensatórios que podem gerar estresse fisiológico e impactar negativamente o bem-estar geral.
O impacto psicológico da temperatura inadequada manifesta-se através de alterações no humor, disposição e capacidade de concentração.
Relatórios do Departamento de Saúde da Associação de Construções Ecológicas Polaca demonstram que o conforto térmico influencia diretamente a disposição, eficiência, produtividade e satisfação no trabalho.
A manutenção de 23°C previne o desenvolvimento de condições patológicas associadas a ambientes térmicos inadequados. Habitações frias e húmidas tornam-se locais férteis para o crescimento de fungos e bolores, que podem desencadear problemas respiratórios e alergias.
Além disso, ambientes com temperatura inadequada podem aumentar o risco de depressão, especialmente em populações vulneráveis como idosos e crianças.
O sistema imunológico também responde positivamente à manutenção de 23°C, pois esta temperatura permite que o organismo mantenha suas defesas naturais sem o estresse adicional da termorregulação extrema.
Estudos indicam que variações bruscas de temperatura podem comprometer a resposta imunológica, tornando indivíduos mais suscetíveis a infecções respiratórias e outras doenças.
Eficiência Energética e Sustentabilidade Ambiental
A escolha de 23°C como temperatura padrão para sistemas de ar-condicionado representa uma estratégia fundamental para otimização energética e sustentabilidade ambiental.
Manter o ar-condicionado nesta temperatura oferece um equilíbrio ideal entre conforto térmico e eficiência energética, pois temperaturas mais baixas podem aumentar significativamente o consumo energético.
A eficiência energética alcançada com 23°C manifesta-se através da redução do trabalho mecânico exigido dos equipamentos de climatização.
Quando programados para esta temperatura, os aparelhos de ar-condicionado não precisam trabalhar excessivamente para resfriar o ambiente, o que prolonga sua vida útil e reduz a necessidade de manutenções corretivas.
Do ponto de vista da sustentabilidade, a adoção generalizada de 23°C como padrão de climatização contribui significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
O setor de climatização representa uma parcela considerável do consumo energético global, e a otimização da temperatura operacional pode resultar em economias energéticas substanciais em escala nacional.
A implementação de 23°C como padrão também facilita a integração com sistemas de automação predial e tecnologias de climatização inteligente.
Sensores de presença e sistemas de controle automatizado podem manter esta temperatura de forma mais eficiente, ajustando automaticamente a operação dos equipamentos conforme a ocupação dos ambientes.
Aplicações Práticas no Ambiente de Trabalho
A implementação prática de 23°C em ambientes de trabalho requer considerações específicas que vão além da simples programação dos equipamentos de ar-condicionado.
Em escritórios corporativos, a manutenção desta temperatura contribui diretamente para a redução de conflitos relacionados ao conforto térmico, um problema comum que pode afetar tanto a produtividade quanto as relações interpessoais.
Hospitais e instituições de saúde representam casos especiais onde a temperatura de 23°C assume importância crítica.
O Hospital Santo Antônio, por exemplo, implementa o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) que estabelece 23°C como temperatura padrão para seus mais de 150 aparelhos modelo Split e 5 equipamentos VRF.
Em ambientes educacionais, a manutenção de 23°C mostra-se particularmente benéfica para o processo de aprendizagem. Salas de aula e bibliotecas climatizadas nesta temperatura proporcionam condições ideais para concentração e absorção de conhecimento.
A estabilidade térmica elimina distrações relacionadas ao desconforto físico, permitindo que estudantes e professores mantenham foco nas atividades acadêmicas.
Indústrias e laboratórios que demandam precisão e atenção aos detalhes também se beneficiam significativamente da implementação de 23°C.
Trabalhadores em ambientes com esta temperatura demonstram maior acuidade visual, menor taxa de erros e melhor coordenação motora.
Considerações Especiais para Diferentes Ambientes
A aplicação de 23°C como temperatura padrão deve considerar as especificidades de diferentes tipos de ambientes e suas respectivas demandas funcionais.
Em residências, a temperatura de 23°C oferece conforto adequado para a maioria das atividades domésticas, embora alguns ambientes possam requerer ajustes específicos.
Ambientes comerciais como shopping centers e lojas apresentam desafios únicos devido ao alto fluxo de pessoas e variações constantes na ocupação.
A manutenção de 23°C nestes espaços deve ser acompanhada de sistemas de ventilação adequados que garantam a renovação do ar e a distribuição uniforme da temperatura.
Academias e centros esportivos representam casos especiais onde a temperatura de 23°C deve ser cuidadosamente balanceada com as demandas de atividade física intensa.
Embora esta temperatura seja ideal para vestiários e áreas de descanso, áreas de exercício podem requerer temperaturas ligeiramente inferiores para compensar o calor gerado pela atividade física.
Centros de processamento de dados e salas de servidores apresentam requisitos térmicos únicos onde a temperatura de 23°C deve ser balanceada com as necessidades de resfriamento dos equipamentos eletrônicos. Nestes ambientes, a temperatura ambiente de 23°C pode ser mantida nas áreas de circulação humana, enquanto sistemas de resfriamento específicos atendem às demandas térmicas dos equipamentos tecnológicos.
Conclusão
A temperatura de 23°C estabelece-se definitivamente como o padrão ideal para climatização de ambientes internos, representando a convergência perfeita entre conforto humano, eficiência energética e sustentabilidade ambiental.
As evidências científicas, respaldadas por normas técnicas nacionais e internacionais, demonstram inequivocamente que esta temperatura otimiza o desempenho cognitivo, promove a saúde física e mental, e maximiza a eficiência operacional dos sistemas de climatização.
A adoção desta temperatura como padrão universal facilitaria a harmonização de práticas de climatização em escala global, promovendo benefícios econômicos e ambientais substantivos. Para organizações e indivíduos, a implementação de 23°C representa uma decisão estratégica que equilibra responsabilidade ambiental com bem-estar humano.
A temperatura de 23°C transcende preferências individuais para estabelecer-se como uma necessidade baseada em evidências científicas sólidas, normatizações técnicas rigorosas e benefícios comprovados para saúde, produtividade e sustentabilidade.

Olá, sou Marcos Alves, um especialista em ar condicionado com mais de 10 anos de experiência no mercado. Ao longo da minha carreira, tive a oportunidade de trabalhar em diversos projetos de refrigeração e climatização, tanto em ambientes residenciais quanto comerciais.
Combinando minha experiência técnica e minha paixão pela escrita, criei este blog para ajudar pessoas a entenderem melhor o universo dos sistemas de ar condicionado. Aqui, você encontrará informações acessíveis sobre instalação, manutenção, escolha do aparelho ideal e muito mais.
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